- Do G1 - Em depoimento, profissional confirmou compras milionárias dos Félix
Testemunha do caso colocou a primeira-dama como chefe do esquema.
A corretora Vera Matiazzo confirmou nesta sexta-feira (10) os altos valores dos contratos na aquisição de imóveis pela família do prefeito afastado de Limeira, Silvio Félix (PDT), durante depoimento no Ministério Público (MP) da cidade, no interior de São Paulo.
Silvio e Constância Felix, investigação por enriquecimento ilícito.
Ela é apontada como intermediadora na venda dos bens que foram declarados com preços bem abaixo da aquisição. A fraude era comandada, segundo Vera, pela primeira-dama Constância Félix.
Documentos apreendidos durante operação nas casas da família Félix e de laranjas do grupo em novembro de 2011, bem como em empresas, apontam que os imóveis comercializados na região de Campinas, Limeira e Piracicaba contêm divergências exorbitantes entre os valores de compra e os declarados. A maior delas está em um imóvel de Campinas, na Avenida Brasil, em que uma casa teve "desvalorização" de R$ 2,7 milhões, segundo registro em cartório.
“Ela (Vera Matiazzo) confirmou que intermediou a venda de imóveis em Limeira, Piracicaba e Campinas. Confirmou que eles compravam, por exemplo, imóveis por R$ 10, os quais eram registrados por R$ 5”, informou o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua. Outros corretores já foram ouvidos e alguns ainda serão ouvidos pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Piracicaba.
A corretora não quis falar com a imprensa ao final do depoimento. O G1 entrou em contato com o escritório de defesa da família na noite desta sexta, mas uma secretária informou que nenhum advogado do caso estava presente para comentar o caso e que não havia possibilidade de contatá-los por celular.
Investigação
O Gaeco de Piracicaba investiga desde o ano passado o enriquecimento ilícito da primeira-dama e dos filhos do prefeito afastado, Maurício e Murilo. Os três foram presos em novembro de 2011 durante uma megaoperação do MP, junto com outras sete pessoas, todos suspeitos de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e furto qualificado.
Imóvel
A casa de Campinas foi registrada em cartório, em julho deste ano, pela empresa Fênix Plantas e Insumos Agrícolas, da família, como se tivesse sido comprado pelo valor de R$ 1,2 milhão. Mas o contrato de compra e venda apreendido na casa de Verônica Dutra Amador, irmã da primeira-dama que também foi presa durante a megaoperação, mostra que a empresa, na verdade, pagou mais que o triplo desse valor, de R$ 3,9 milhões, aos antigos donos do local.