- Do Correio Braziliense - Ao passo em que se consolida no plano nacional como um respeitado interlocutor da presidente Dilma Rousseff, o governador da Bahia, Jaques Wagner, enfrenta duros problemas em seu próprio quintal. Os orixás têm sido severos com “Jaquinho”, como o governador é chamado por Dilma, neste início de 2012. Na última terça-feira, a Polícia Militar do estado decretou greve por tempo ilimitado a duas semanas do carnaval, a principal festa popular da Bahia.
A crise no estado atinge em cheio um ponto nevrálgico da administração de Wagner: a segurança pública. No mesmo dia em que a PM baiana se levantava contra o Palácio de Ondina, Wagner estava em Cuba, como integrante da comitiva presidencial.
À primeira vista, a perda de importantes aliados poderia ser interpretada como um sinal de encolhimento político de Wagner. O primeiro solavanco foi a saída de José Sérgio Gabrielli da Presidência da Petrobras. O segundo, a queda de Mário Negromonte, defenestrado da pasta de Cidades. Mas mesmo com os contratempos, o governador é reconhecido no meio político como um conselheiro informal de Dilma — e terceiro nome petista na “escala presidencial”, atrás da titular do cargo e de Lula.
A presidente passava férias na Base Naval de Aratu (BA), em janeiro, quando chamou Wagner para uma conversa. Sem maiores rodeios, disse que demitiria Gabrielli. Wagner não esperneou. Antes de enviar o anúncio formal do afastamento, Dilma telefonou para o governador baiano e leu para ele o comunicado, sinalizando o prestígio intacto dele no Planalto.