- Do G1 -
Magistrado substituirá juiz que pediu afastamento após supostas ameaças
Rocha Santos afirma “não ver necessidade” de alterar proteção pessoal.
O novo juiz responsável pela Operação Monte Carlo, Alderico Rocha Santos, de Goiânia, afirmou nesta quarta-feira (20) ao G1 que, a princípio, não pretende requisitar segurança. O antecessor de Rocha Santos no comando do processo que investiga a organização criminosa do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Paulo Augusto Moreira Lima, pediu afastamento do processo alegando que "sofreu ameaças veladas".
“Até agora, em relação à minha pessoa, não vi necessidade (de reforço na segurança). Se houver, não resta dúvida de que irei tomar as providências”, assegurou Rocha Santos.
O juiz Moreira Lima informou que havia solicitado, em fevereiro, carro blindado mesmo em horário fora do expediente e viagem de três meses para o exterior a partir de setembro.
Nesta quarta, a corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, anunciou que o órgão se esforçará para garantir a segurança de Moreira Lima e do magistrado escalado para substituí-lo.Titular da 5.ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, especializada na área criminal, Rocha Santos é o terceiro juiz chamado para o caso. O magistrado indicado inicialmente para suceder Moreira Lima na presidência do processo, Leão Aparecido Alves, não assumiu por razões de "foro íntimo", por manter relação próxima com um dos denunciados.
Rocha Santos, que foi designado pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Mário César Ribeiro, para conduzir o processo, garantiu que não cogita se declarar “em suspeição” ou “impedido” de julgar a ação.
O magistrado afirma que o único acusado com o qual já teve contato foi o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, suspeito de integrar a quadrilha de Cachoeira. Rocha Santos julgou processo no qual Garcez era réu em caso de apropriação de contribuições previdenciárias à época em que presidiu a Câmara de Vereadores de Goiânia.
“O único que eu já vi é o Wladimir (Garcez), em razão de tê-lo julgado em um processo da Justiça Federal. Nesse processo (Monte Carlo), não conheço ninguém”, destacou.
O novo juiz se diz “tranquilo” com relação à exposição e à complexidade das investigações contra Cachoeira, preso em fevereiro, acusado de operar jogos ilegais em Goiás. Rocha Santos terá de ler os 53 volumes do processo para se inteirar sobre o caso. Ele garante que em dois ou três dias já deverá estar por dentro do inquérito.
“Para mim, é um processo a mais. Pela experiência da gente, hoje mesmo já vou despachar, dando andamento no processo”, ressaltou.O magistrado, no entanto, ainda não tem previsão de quando poderá ouvir os depoimentos dos acusados. Em maio, o desembargador do TRF-1 Tourinho Neto suspendeu as audiências que iriam ouvir parte dos denunciados, entre eles, Cachoeira.
Há 18 anos na magistratura, Rocha Santos atua há uma década e meia como juiz federal do TRF-1. Antes de se tornar magistrado, havia trabalhado como procurador da República.