- Por Gabriela Guerreiro - O Senado deu hoje o primeiro passo para retirar de uma de suas alas o nome de Filinto Muller, ex-senador que foi chefe de polícia durante a ditadura Vargas, responsável por torturas praticadas no período.A Comissão de Educação do Senado aprovou nesta terça-feira projeto que extingue o nome da ala, mas deixa em aberta a indicação de quem vai futuramente substituí-lo.
Autor do projeto, o PT sugeriu o nome de Luiz Carlos Prestes, mas por resistência de alguns senadores, o texto acabou aprovado sem a indicação do futuro nome do espaço.Defensora do nome de Prestes para a ala, a senadora Ana Rita (PT-ES) disse que o Senado deveria aprovar o projeto especialmente quando o Brasil "se empenha em esclarecer os fatos obscuros que mancham a história da democracia no país".
Para garantir a aprovação do projeto, o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) apresentou voto em separado retirando o nome de Muller, mas sem indicar Prestes como seu substituto. Para Arruda, a retirada do nome de Muller já é um avanço no momento em que o país discute os crimes cometidos durante a ditadura militar.
"A proposição aqui analisada está em consonância com esta quadra da história brasileira, em que se instituiu uma Comissão Nacional da Verdade destinada a examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos", disse o senador.
Filinto Muller. Foto: Arquivo O Globo.
Arruda afirmou que
a biografia de Muller "está marcada por sua atuação como chefe da polícia do Distrito Federal, no período de 1933 a 1942, quando comandou a prática da tortura a presos políticos".
O nome de Muller ganhou repercussão também com a prisão de Olga Benário, judia e militante comunista, mulher de Prestes --que estava grávida quando foi deportada para a Alemanha, onde acabou executada em um campo de concentração.Com a aprovação do projeto pela comissão, ele seguiu para a análise da Mesa Diretora do Senado --que vai dar a palavra final sobre a mudança no nome da ala.