- Da Folha.com - O senador Pedro Taques (PDT-MT) acusou nesta segunda-feira (18) o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), de ter "criado uma nova lei" ao adiar a votação do processo de cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que estava marcada para hoje no Conselho de Ética.
Ex-procurador de Justiça, Taques disse que Toffoli agiu como a "mãe Dináh" ao usar como argumento para suspender a votação o de que não haveria tempo hábil para os senadores analisarem os argumentos da defesa do senador.
"O ministro está fazendo juízo de adivinhação? O ministro do Supremo é um juiz mãe Dináh, que adivinha posições de senadores da República que fazem parte deste colegiado? Com todo respeito, esta decisão do ministro não é daquelas que orgulha o STF."
Taques não é integrante do conselho, mas foi à reunião para criticar Toffoli. O senador ainda sugeriu que houve "influência" da defesa de Demóstenes sobre o ministro para suspender a votação.
"Será que poderíamos apresentar projetos de lei para regrar o julgamento do mensalão da forma como o STF está fazendo? Não podemos fazer isso. Estaríamos violando o regimento segundo da Constituição. Este é um ato interna corporis. Isso parece influência."
Na mesma linha de Taques, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que a decisão de Toffoli é uma "afronta" à liberdade do Legislativo. "Essa decisão é protelatória, com o desejo de ganhar tempo. É necessário ter uma reação a esse conjunto de ações que, no meu entender, tem o sentido claro de fazer tudo ficar como dantes no quartel de Abrantes, fazer com que não se avance nada."
O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou que esteja agindo para protelar o julgamento do caso. "Se o advogado vai às portas do STF e consegue uma liminar, é um atentado à independência dos poderes dizer que é uma decisão protelatória. Houve atropelamento, sim, de algumas questões pelo Conselho de Ética."