Ex-presidente do parque teria trocado favores para local ser asfaltado
Escutas telefônicas autorizadas foram usadas como prova por promotoria.
- Por Leandro Mata e Carolina Visotcky, do G1 - O juiz da 2ª Vara Criminal de Barretos (SP) aceitou uma denúncia do Ministério Público sobre o suposto uso de recursos de uma autarquia municipal no Parque do Peão da cidade, de propriedade particular. Foram indiciados dois membros do clube Os Independentes – mantenedor do local e organizador da Festa do Peão – Gleidson Vedovato e Marcos Murta – que presidia a entidade na época – além do ex-diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) Luis Carlos Anastácio e do engenheiro Leone Wilman Filho.
Segundo o promotor Aluisio Antonio Maciel Neto, escutas telefônicas foram usadas como prova. As gravações apontaram que entre julho e agosto de 2011, uma empreiteira contratada pelo Saae asfaltou o heliponto do parque e realizou o recapeamento de trechos dentro do local.
As vias tinham sido danificadas por causa da abertura de uma rede de água e esgoto para o Barretos Therma Park, que fica nas imediações do recinto.
Parque do Peão de Barretos (Foto: Rodolfo Tiengo/ G1).
Em troca dos serviços, Murta e Vedovato teriam dado, aos funcionários da empreiteira e do Saae, credenciais para todos os dias da Festa do Peão. Os representantes dos Independentes também teriam cedido o Espaço Berrantão – salão usado para eventos – para o casamento da filha de Luis Carlos Anastácio.
Funcionários da empreiteira que trabalharam nas obras no parque depuseram no Ministério Público e confirmaram terem recebido credenciais. Os suspeitos foram indiciados por peculato, corrupção ativa e passiva e usurpação de patrimônio. O promotor chegou a pedir a prisão preventiva dos envolvidos, mas o juiz Luciano de Oliveira Silva foi contrário à medida.
Outro lado
Todos os envolvidos negam as acusações. Os membros do clube Os Independentes disseram que vão aguardar seu advogado ter acesso aos autos para depois se manifestarem.
Em nota, Luis Carlos Anastácio acusou o promotor de expor os envolvidos “pintando-nos de delinquentes, valendo-se da autoridade de seu cargo”. Segundo ele o pedido de prisão preventiva “visava apenas a obter manchete na mídia local”.
Anastácio afirmou que entrará com uma ação contra o promotor Aluisio Antonio Maciel Neto na Corregedoria do Ministério Público, além de pedir indenização por danos morais.