Apesar de recolher doações, a Associação Beneficente Projeto de Vida estava de portas fechadas na quinta-feira passada, em Santa Maria
- Por Mariana Laboissière, do Correio Braziliense - Entidades que se dizem sérias estão usando da boa-fé, principalmente de idosos, para pedir doações voltadas a ações que não são desenvolvidas.
Muitos brasilienses se tornaram alvos de golpes de associações, institutos e centros sociais, que, durante contato telefônico ou mesmo pessoal, se mostram engajados no auxílio a crianças, deficientes, portadores de câncer ou dependentes químicos. Na última semana, o Correio visitou seis dessas entidades. Destas, três foram localizadas. A outra metade não funcionava no endereço que constava em recibos das doações.
Apesar de recolher doações, a Associação Beneficente Projeto de Vida estava de portas fechadas
na quinta-feira passada, em Santa Maria
O Correio descobriu casos de assédio e até constrangimento a pessoas com mais de 60 anos abordadas por instituições que se dizem idôneas. Em uma das situações, a mesma entidade recolheu duas vezes quantias semelhantes de um idoso num espaço inferior a 30 dias, quando o combinado seria uma doação mensal.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fiscaliza essas entidades e investiga possíveis fraudes por parte de algumas delas. Além disso, disponibiliza para consulta pública no site do órgão, desde meados de 2009, uma lista com o nome das instituições que apresentam contas em dia, atualizada diariamente (leia mais na página 24). Cerca de 600 entidades são acompanhadas pelo MP. Menos da metade, porém, consta na listagem do órgão.
O Correio teve acesso a recibos emitidos pelas três entidades que não foram achadas nos endereços informados; a Criança Cidadã (D) aponta duas localizações diferentes
Na última quinta-feira, a reportagem visitou seis endereços de associações. Eles constam em recibos entregues por mensageiros a colaboradores, após pagamento das contribuições. A Associação Beneficente Projeto de Vida, que seria voltada ao acolhimento de crianças de baixa renda, deveria funcionar no Conjunto G da Quadra 19 do Condomínio Porto Rico, em Santa Maria. Mas, no ponto exato descrito no papel, havia apenas uma casa sem placa e lacrada.