Hoje, os cofres públicos amargam prejuízo de R$ 88 milhões
Programa criado pelo governo para facilitar a abertura de negócios com a geração de emprego e renda, o Pró-DF tornou-se um convite ao calote.
- Por Flávia Maia, Lilian Tahan e Ana Maria Campos, do Correio Braziliense - A maioria dos contratos em vigor para a aquisição de terrenos tem parcelas atrasadas. Mesmo em condições facilitadas, muitos beneficiários não cumprem as obrigações.
Hoje, a taxa de inadimplência é de 68%.
No Setor de Indústrias de Ceilândia, o lixo ocupa o lugar do progresso e do desenvolvimento: retrato da negligência.
Foto: Daniel Ferreira/CB-DA Press.
Na maior parte dos lotes cedidos em área pública, o desconto é de até 95% do valor do terreno, com prazo de carência de cinco anos para compra e de 36 meses para quitar o financiamento. Durante 60 meses, paga-se aluguel irrisório, de 0,5% do preço do imóvel, montante ainda abatido no ato da venda. O que seria estímulo para o crescimento econômico produz atualmente R$ 88 milhões de prejuízo aos cofres públicos. O cálculo é da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap).
A elevada taxa de inadimplência é um sintoma da bagunça na administração do programa que deveria funcionar como uma das engrenagens do desenvolvimento do setor produtivo. Estimular a criação de empresas, oferecer infraestrutura, dar condições jurídicas e de manutenção para o funcionamento dos negócios é parte do que se espera do Estado para alavancar uma indústria retraída, atualmente com participação de apenas 1,7% em toda a riqueza produzida no DF. Fazer deslanchar esse setor significa criar empregos e aumentar a arrecadação na capital da República. Em série de reportagens iniciada ontem, o Correio mostra que a principal estratégia para turbinar a economia local nas últimas duas décadas é uma vitrine do retrocesso.