Variação da doença não é mais agressiva que as outras, mas apresenta risco de epidemia porque a população não está imune
- Por Amanda Maia, do Correio Braziliense - O aparecimento de casos tipo 4 da dengue no Distrito Federal — onde, até então, prevalecia o tipo 1 — preocupa o governo e representa ameaça à saúde pública. Isso porque, quando uma pessoa é infectada por um dos quatro tipos de vírus, ela adquire imunidade àquela variação específica. Para desenvolver os sintomas de novo, ela tem de ser picada por um mosquito que transmita um tipo diferente daquele que provocou a primeira manifestação.
Lixo acumulado no Setor de Indústria da Ceilândia: a região administrativa tem o maior número de casos em 2013.
Foto: Daniel Ferreira/CB-Da Press.
Com o surgimento do novo sorotipo, existe o risco de ocorrer uma epidemia generalizada, como explica o infectologista José David Urbaez. “Temos de nos programar para a possibilidade de explosão no número de casos e incidências mais graves. Quando se introduz um novo sorotipo, você tem uma população inteira suscetível, ‘virgem’. Além disso, quem teve outros tipos tem mais chances de contrair de novo e desenvolver um quadro grave.”
Em entrevista ao Correio, o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, demonstrou estar preocupado com o cenário. “É uma modalidade relativamente recente, identificada no ano passado”, alegou. O trabalho da Subsecretaria de Vigilância em Saúde para combate e prevenção à doença se intensifica neste período das chuvas. Segundo a subsecretária Marília Coelho Cunha, a visita dos agentes às casas identifica focos de água limpa e parada. O mapeamento das áreas críticas ocorre por meio da vigilância epidemiológica, que atua nos hospitais e centros de saúde registrando os locais onde pacientes se infectaram.
Áreas críticasAtualmente,
Ceilândia, Taguatinga, Sobradinho 2, Samambaia e São Sebastião são as regiões administrativas com maior número de casos em 2013: 69, 42, 36, 29 e 24, respectivamente. A
Estrutural também chamou a atenção, no balanço de janeiro, pois apresentou a maior incidência (números de casos por 100 mil habitantes).
Um deles de dengue tipo 4. Os sintomas , independentemente da variação, são os mesmos que afligiram Maria de Fátima Farias, 56 anos. Quando contraiu o vírus, em 2010, ela teve fortes dores de cabeça e febre alta.
“Passei muito mal e o médico não podia me internar, então eu ia todos os dias para o Hran (Hospital Regional da Asa Norte) para tomar o medicamento e fazer os exames. Tive enjoos também. Parece que você vai desmontar, eu tremia toda”, lembra.