- Do G1 -
Em nota, ex-chefe de gabinete negou participação em esquema
MP e PF investigam suposto desvio de R$ 100 milhões no BNB.
O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) anunciou nesta segunda-feira (11) a dispensa de função de Robério Gress do Vale do cargo de chefe de gabinete da presidência da instituição.
Gress é funcionário concursado do banco há mais de 28 anos, segundo o BNB, e exercia o cargo de chefe de gabinete desde 2004. Ele deve ocupar uma outra função, segundo o banco. O BNB diz que Gress não vai se pronunciar sobre a dispensa.
MP e PF do Ceará apuram suposto desvio de R$ 100 milhões no BNBO Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) e a Polícia Federal investigam suposto desvio de R$ 100 milhões do banco, em 2010 e 2011, por meio de empréstimos irregulares, em que 24 empresas usaram notas fiscais falsas para comprovar a realização de compras financiadas pelo banco.
Na noite desta segunda-feira, o BNB anunciou o afastamento de outros dois funcionários suspeitos de envolvimento no suposto esquema de desvio de verba. Segundo o banco, os funcionários eram de agências do Centro de Fortaleza e uma agência de Maracanaú, na região metropolitana. Não foram divulgados os nomes e cargos dos funcionários afastados das funções.
O ex-chefe de gabinete ocupava a função quando os empréstimos irregulares foram liberados para as empresas. ''Como funcionário de carreira, tendo exercido dentre outras funções a chefia de gabinete na gestão Roberto Smith e na atual, nunca me envolvi em defesa de quaisquer interesses de pessoas, parentes afins conforme insinua a referida matéria [reportagem desta sexta (8) da revista "Época" que contém as denúncias de desvio]", disse, em nota.
InvestigaçãoO Ministério Público Estadual no Ceará diz ter detectado que empresas usavam notas fiscais falsas há seis meses. A Polícia Federal informou que também tem uma investigação em curso sobre o caso revelado pela revista "Época".
Na última sexta-feira (8), o promotor Ricardo Rocha disse ao G1 que ouviu as denúncias sobre as irregularidades em depoimento do ex-diretor do BNB Fred Elias de Souza, há cerca de seis meses. O chefe da Controladoria-Geral da União (CGU) no Ceará, Luiz Fernando Menescal e um delegado da Polícia Federal também ouviram as denúncias, segundo Rocha.
O promotor afirma que "de imediato" foi constatado que havia empréstimos fraudulentos contraídos por empresas. Segundo Rocha, entre as fraudes detectadas, havia o financiamento de cem veículos pelo BNB com notas fiscais falsas.
"Você faz um pedido de empréstimo e o banco analisa seu cadastro e aprova. Aprovado, você vai à concessionária e compra os carros. Para a concessionária receber [o pagamento do banco], você precisa apresentar as notas fiscais", disse. De acordo com o promotor, a Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz) comprovou que as notas fiscais eram falsas.
O promotor acrescenta que, em outro empréstimo, uma outra empresa apresentou quatro terrenos como garantia. "Constatamos que o terreno foi comprado por R$ 80 mil e dividido por quatro. O avaliador do banco, que estava envolvido no esquema, ia lá e atestava que o terreno valia R$ 25 milhões, por exemplo", afirmou.