- Por Jorge Wamburg, Repórter da Agência Brasil - Servidores da justiça eleitoral em vários estados iniciaram hoje (4) uma greve de 48 horas para pressionar o Congresso a aprovar o novo plano de carreira da categoria, que está sem reajuste de salários desde 2003. O movimento ocorre na véspera de terminar o prazo para o registro de candidaturas a prefeito e vereador nas eleições de outubro deste ano, o que poderá prejudicar candidatos que deixaram esta providência para o final do prazo.
Em Goiás, a paralisação atingiu já hoje 109 dos 120 cartórios eleitorais do estado, de acordo com uma avaliação do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal (Sinjufego). Já em Brasília, onde não haverá eleições em outubro, a Assessoria de Imprensa do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informou que não há paralisação e o funcionamento é normal.
A assessoria de Comunicação Social do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília, reconheceu a existência do movimento grevista e informou que fará um balanço da situação ainda hoje. Já a Federação Nacional dos Trabalhadores da Justiça Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) informou que a greve está ocorrendo, intensidades diversas, em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Piauí, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Acre e Tocantins. Na Paraíba, os servidores do TRE deverão decidir hoje à tarde se param os trabalhos da justiça eleitoral.
Os servidores lutam pela aprovação do projeto de lei 6613/2009, na esperança da reestruturação do plano de carreiras, além da reposição de perdas inflacionárias. A idéia é que as manifestações e protestos aconteçam em frente aos cartórios eleitorais até amanhã, a data limite para o registro de candidaturas às eleições municipais deste ano.
O presidente do Sinjufego, João Batista Morais Vieira, disse à Agência Brasil, por telefone, que o Sindicato teve uma reunião com o presidente do TER de Goiás, desembargador Gilberto Matos Filho, hoje pela manhã. No encontro, segundo João Batista, o magistrado disse que as negociações com o governo federal e o Congresso sobre o reajuste dos servidores do Judiciário “não são muito favoráveis e eles estão fazendo um jogo muito duro, pois transformaram os servidores em bode expiatório de todos os problemas do serviço público.
“O que nós queremos é apenas a reposição das perdas com a inflação, pois já estamos há oito anos sem reajuste, já que o plano de carreira atualmente em vigor é de 2004. Neste período, a reposição chega a 53% e quando sair já estará defasado”, disse João Batista.
O projeto de lei para corrigir esta situação, segundo ele, está parado há dois anos na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara e, por isso, os servidores estão realizando a greve de 48 horas para abrir um canal de negociação com o governo e o Congresso. Mas, se não forem atendidos, a greve poderá se transformar numa paralisação por tempo indeterminado e causar problemas para a realização das eleições municipais de outubro deste ano.