- Por Lilian Tahan, do Correio Braziliense - Uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público de Goiás com a participação da Polícia Civil do DF cumpre nesta manhã mandados de busca, apreensão e prisão em cinco endereços do Entorno e DF.
Entre os locais, está o cartório de Planaltina de Goiás onde foi determinada a prisão do tabelião (responsável pelo cartório).
Policiais e promotores desbarataram um esquema criminoso de falsificação de escrituras de terrenos do DF e do Entorno que funcionava com a participação de tabeliães. Em alguns dos casos, documentos adulterados referentes a áreas públicas no DF eram "esquentados" em cartórios do Entorno e ganhavam o status de endereço particular.
Esse tipo de fraude funciona no DF há muitos anos e começou a ser investigada ainda na época da CPI da Grilagem, em 1995. Mas na época as investigações nos cartórios não prosperou.
Recentemente, policiais da Delegacia de Planaltina de GO obtiveram pistas de que o esquema estava em pleno funcionamento e começaram a investigar o caso, com a participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A Polícia Civil de Goiás pediu apoio à Polícia do DF nas investigações. O diretor da instituição, Jorge Luiz Xavier destacou policiais da Delegacia de Meio Ambiente (Dema) e da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) para atuar na operação.
"Essa é uma operação muito importante para o DF também porque diz respeito a terrenos daqui cuja documentação é falsificada no Entorno, por isso determinei a atuação de policiais da Dema e da Deco no caso", afirmou Xavier.
A Polícia Civil também cumpriu mandado de busca e apreensão em endereço do Lago Sul.
Um assessor de uma desembargadora está entre os detidos na operação.
ATUALIZAÇÃO 18:30hs.
Servidor do TJDFT é suspeito de integrar esquema para esquentar escrituras falsas em Planaltina
Entre os mandados expedidos pela
Operação Terra Nostra (como batizou a Polícia Civil de GO e DF) e
Paquetá (nome dado pelo Ministério Público de GO), está a condução coercitiva do bacharel em direito
Bruno Estáquio Arantes e de sua avó
Yvette Amaral, que moram no Lago Sul.
Eles foram convocados a prestar esclarecimentos na comarca do Ministério Público de Planaltina de Goiás sobre o esquema de fraude em escrituras de terras públicas. De acordo com informações do Ministério Público e da Polícia Civil,
Bruno é suspeito de ajudar a organização criminosa montada para fraudar documentos. "Segundo as apurações, ele prestava assessoria jurídica à imobiliária que realizava os golpes", disse o promotor de Justiça Rafael Simoneti.
"As investigações indicam que Bruno atuava no esquema", afirmou o delegado Fernando Alves Barbosa, que conduz a operação pela Polícia Civil de GO.
Segundo o promotor de Justiça Simoneti, a prisão de Bruno seria avaliada após depoimento dele em Planaltina.
O servidor do TJDFT atuaria, segundo a investigação, dando assessoria jurídica à
Imobiliária Ciop,
que funciona em cima do 1º Cartório de Registro de Imóveis de Planaltina e cuja propriedade é de Flávio Martins de Souza, filho do tabelião Luiz Roberto de Souza. Ambos foram presos na operação de hoje (22/08).
De acordo com os promotores de Justiça,
a imobiliária tinha o papel de "esquentar" a documentação falsa de lotes no Condomínio Jardim Paquetá, em Planaltina de GO.
Bruno Eustáquio é servidor concursado do TJDFT. Desde maio, trabalha no gabinete da desembargadora Carmelita Brasil. Ele entrou no gabinete depois de fazer um processo de seleção interna para ocupar a vaga.
O servidor é neto do já falecido desembargador do TJDFT Lúcio Batista Arantes.