O Integração Brasil faz uma síntese das notícias sobre os meandros do Mensalão, que começa a ser julgado hoje pelo STF.Os 40 do MensalãoEscândalo que envolveu petistas e aliados do governo federal na gestão Lula. A denúncia ocorreu em 2005, mas o caso viria de 2002 até a data da acusação.
Segundo
Roberto Jefferson, ex-deputado e ex-presidente do PTB,
o PT teria pago altos valores a vários parlamentares para que estes fizessem parte de sua base. A “defesa”, que não nega o fato, alega que houve “apenas” caixa dois para eleições.
Quarenta envolvidos foram denunciados, com a ação acolhida pelo STF e, portanto, passível de ser julgada. Desde 2007 (aceitação), porém, não houve nenhuma decisão referente ao caso.
Imagem da Revista VejaPequena CronologiaComeça com a denúncia (07/06/2005) feita por
Roberto Jefferson (PTB), deputado então da base governista, a quem Lula dissera que “entregaria um cheque em branco”. Segundo Jefferson, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, não houve exatamente “cheque em branco”, mas sim mesadas altas e em dinheiro, pagas pelo PT, intermediadas pelo publicitário
Marcos Valério.
No dia 8, depois da instalação de CPI para apurar o caso, o ex-tesoureiro do PT,
Delúbio Soares, concedeu entrevista coletiva prometendo abrir seu sigilo fiscal.
Roberto Jefferson voltaria a falar sobre o caso, agora em depoimento oficial ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados (14/06) e alegou ter informado vários ministros de
Lula sobre o Mensalão, entre eles
José Dirceu,
Ciro Gomes,
Aldo Rebelo etc.
Ao mesmo conselho de ética, a deputada
Raquel Teixeira (GO) alegou (22/06) ter recebido proposta de
Sandro Mabel/PL (base governista) para trocar de partido, tendo sido oferecida a ela uma “mesada” caso o fizesse.
Jefferson só deporia à CPI no dia 30/06. Nessa ocasião, de olho roxo, informa que, diante dos riscos, o dinheiro passou a ser sacado numa agência do
Banco Rural no Shopping Brasilia, em vez de ser entregue por malas.
A ligação oficial e definitiva de Marcos Valério e PT surgiria no dia 04/07, quando é divulgado um empréstimo bancário ao partido, do qual Valério foi avalista, documento este contando com as assinaturas de Delúbio Soares e de
José Genoíno (então presidente do PT). Foi exatamente nesse dia em que
Silvio Land Rover Pereira se afastou do PT – ele havia sido acusado por Roberto Jefferson de ser o “gerente” do Mensalão.
O PT se complica ainda mais quando, no dia 07/07, é revelado que o partido recebeu um empréstimo do Banco do Brasil no valor de R$ 20 milhões e SEM AVALISTAS. A CPI começa a investigar também o “aparelhamento” desse banco público por diretores petistas ou fortemente ligados ao partido.
O episódio dos dólares na cueca rendeu charges na internet.
No dia seguinte, o assessor parlamentar
José Alberto da Silva, que trabalhava para o irmão de José Genoíno, é preso no aeroporto de Cumbica com R$ 200 mil reais numa mala e
100 mil Dólares na cueca. Genoíno pediu afastamento da presidência do PT no dia seguinte.
No dia 15 de julho, nasce a tese do
“caixa-dois” (um crime eleitoral de penas menores e prescrição mais rápida), por meio de uma
entrevista de Marcos Valério ao Jornal Nacional. Dois dias depois, inclusive, Delúbio Soares confirma essa teoria (também em entrevista à Globo).
Quatro dias depois, porém, a quebra de sigilo bancário de Marcos Valério revela que houve pagamentos a líderes de diversos partidos, incluindo o deputado
João Paulo Cunha (PT/SP) – até essa data, a desculpa de Cunha seria aquela do pagamento de uma conta de TV a cabo.
O Presidente da CPI que investigava o caso, o petista
Delcídio Amaral (MS), informou no dia 20/07 que havia “sumido” documentos referentes aos saques realizados pela esposa do deputado João Paulo Cunha, do PT.
No dia 09/08, Marcos Valério volta a depor à CPI e informa ter realizado empréstimos ao PT, a partir de 2003, num total de R$ 55 milhões. Ele teria utilizado os
bancos Rural e BMG.
Duda Mendonça deu seu depoimento bombástico no dia 11/08. O publicitário alegou que foi obrigado a abrir uma conta no exterior para receber pagamentos referentes à campanha presidencial de 2002 e à municipal de 2004.
Imagem: Revista Veja. Leia mais em: www.veja.com.br
As CPIs dos Correios e do Mensalão, no dia primeiro de setembro, aprovam a cassação dos seguintes parlamentares: Carlos Rodrigues (PL-RJ), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP), José Borba (PMDB-PR), José Dirceu (PT-SP), José Janene (PP-PR), José Mentor (PT-SP), Josias Gomes (PT-BA), Paulo Rocha (PT-PA), Pedro Correia (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP),Roberto Brant (PFL-MG), Roberto Jefferson (PTB-RJ), Romeu Queiroz (PTB-MG), Sandro Mabel (PL-GO), Valdemar Costa Neto (PL-SP) (que já havia renunciado um mês antes), Vadão Gomes (PP-SP), Wanderval Santos (PL-SP).Oito dias depois, o
deputado e bispo Carlos Rodrigues (PL/RJ) renuncia ao mandato. No dia 13/09, ele cria nova legenda, o então PMR, atualmente denominado PRB (que integrou a base do governo Lula e integra a do governo Dilma).
Nesse mesmo dia,
Aldo Rebelo CONFESSA ao Conselho de Ética que estava presente – e, pois, testemunhou – quando Roberto Jefferson teria alertado Lula sobre o esquema do mensalão. Assinalou que Lula teria ordenado uma investigação que não deu resultado por falta de provas.
Outra confirmação viria apenas no dia 08/10, em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo pelo ex-Secretário Geral do PT,
Silvio Pereira (o da Land Rover). Ele alegou que ele e outros integrantes da diretoria do PT sabiam do dinheiro ilegal. No dia seguinte, ele negou tudo que dissera, mas o jornal afirmou que tinha gravação da entrevista.
Nesse mesmo dia, o Chefe de Gabinete de Lula,
Gilberto Carvalho, é novamente acusado por um irmão de
Celso Daniel, agora o mais novo. A acusação de que
Carvalho sabia do esquema de Santo André/SP ocorreu em depoimento à CPI dos Bingos.
José Dirceu é processado por improbidade administrativa no dia 28/10, em ação civil pública movida pelo Procurador da República. Motivo: o ex-ministro teria organizado toda uma estrutura para atender seu filho
Zeca Dirceu, que foi prefeito de Cruzeiro d’Oeste (PR).
A CPI do Mensalão foi encerrada no dia 17/11, sem consenso quanto à aprovação de um relatório definitivo. O encerramento ocorreu pelo fato dos parlamentares não terem conseguido assinaturas o suficiente para prorrogar os trabalhos. Ainda assim, um relatório final foi lido por
Paulo Abi-Ackel (PP/MG), reconhecendo a existência de pagamentos ilegais (mensal, quinzenal ou semanalmente), mas tal relatório foi considerado inválido porque sua leitura ocorreu um dia após o fim da CPI.
Em 24 de novembro o senador José Sarney (PMDB-AC) telefona a vários deputados para convencê-los a votar contra a cassação de José Dirceu (PT-SP).No dia primeiro de dezembro, José Dirceu, agora deputado (PT/SP) é cassado em votação de 293 a 193.
A ação judicial contra os chamados “mensaleiros” é proposta em abril de 2006, pelo então Procurador-Geral da República e perante o STF. Em entrevista coletiva, o Procurador informa que se trata de uma
“organização criminosa” e entre os processados estão José Dirceu, Luís Gushiken, Roberto Jefferson, João Paulo Cunha, Delúbio Soares, Silvio Land Rover Pereira, José Genoíno, Duda Mendonça etc.O STF aceitou tal denúncia em agosto de 2007 e, em novembro, a pedido do ministro Joaquim Barbosa, converteu o inquérito em ação penal.
O caso começa a ser julgado neste 2 de agosto de 2012 pelo STF. Alguns dos acusados podem receber benefícios referentes à
prescrição...